Psiquiatria - Perguntas respondidas
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Seu conceito de "mania de perseguição" poderia ter algumas origens diferentes:
 
1. Um verdadeiro delírio de perseguição.
 
A pessoa, como você descreve, tem a vivência de que os outros falam dela e que, eventualmente, conspiram contra ela. Outro delírio possível é o de estar sendo traída pelo(a) companheiro(a).
 
Entretanto, neste tipo de delírio a pessoa não costuma apresentar crítica o que, na linguagem técnica significa que a pessoa delira, mas acredita piamente que aquilo é verdade e jamais diria de si mesma que poderia estar delirando.
 
Uma alternativa seria que, em alguns casos como, por exemplo, quando a pessoa usa alguns tipos de drogas, como a própria maconha, ela pode ter este tipo de vivência, quando está intoxicada e, quando está sóbria, perceber que esteve delirando.
 
2. Ciúmes patológicos.
 
Trata-se de pessoas exageradamente ciumentas, em sua relação e para as quais quaisquer atitudes do(a) parceiro(a) são vistas com suspeita e interpretadas como uma possível traição. Entretanto, nestes casos, a pessoa não costuma apresentar outros tipos de alterações como, por exemplo, as que você diz, de achar que outros estão falando de você.
 
3. Fobia social
 
Trata-se de um quadro de timidez exagerada em que, por vezes, as pessoas acreditam que outras pessoas olham para elas e percebem seus erros, gafes e comportamentos e que as ficam criticando. Eventualmente, por sentir-se, muitas vezes, inferior, seria possível que a pessoa tivesse uma tendência a achar que o cônjuge fosse traí-la.
 
Em qualquer destes casos, é muito importante procurar um psiquiatra, pois todos eles podem ser tratados, seja através de terapia comportamental, seja através de remédios.
 
Além disto, o psiquiatra, eventualmente, solicitará alguns exames pois, em alguns casos diferentes do habitual, como parece ser o seu, a causa pode estar, também, em alguma doença física que esteja afetando seu cérebro.
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A ansiedade é um fenômeno normal que nos prepara para enfrentar um perigo ou fugir dele. Entretanto, em alguns casos, ela se torna exagerada e acaba dificultando este processo, ao invés de facilitá-lo.
 
Para seu cérebro, a prova representa o perigo - equivalente, na natureza, à opção de fugir ou enfrentar o leão. Entretanto, neste caso, ao optar por enfrentar o leão e por este ser, potencialmente, perigoso (o que seria não conseguir vencer a luta - no caso, passar na prova), o nível de ansiedade assume proporções enormes, possivelmente porque algumas pessoas são mais predispostas a ter estas reações exageradas. E estados de ansiedade podem envolver dores (devidas à tensão muscular), sensação de angústia ou medo e dificuldades de concentração.
 
Em geral, este problema pode ser tratado com excelentes resultados com terapia comportamental ou comportamental-cognitiva.
 
Existem alguns remédios (principalmente os inibidores de recaptação de serotonina) que podem ser úteis mas, geralmente, a terapia comportamental é suficiente.
 
Não se deve fazer uso, em geral, de tranquilizantes benzodiazepínicos (aqueles vendidos em embalagens com faixa preta) pois, apesar de acalmarem, dificultam que a pessoa aprenda a lidar com estes problemas e, além disto, podem prejudicar a memória e diminuir mais a sua capacidade de se preparar para as provas.
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O Haldol* (haloperidol) é uma medicação potente, porém antiga que, hoje em dia é substituída, preferencialmente, por medicações mais modernas, tais como a risperidona, a olanzapina, a clozapina etc., dependendo do caso. Os riscos do haloperidol estão, principalmente, numa reação chamada "discinesia tardia" na qual, ao longo do tempo, a pessoa desenvolve movimentos involuntários e incontroláveis, geralmente na face - mas, eventualmente, em outras partes do corpo.
O Neozine* (levomepromazina) também faz parte destas medicações mais antigas que, hoje em dia, geralmente são evitadas. A principal diferença entre a levomepromazina e o haloperidol é que a levomepromazina é mais sedativa, "dá" mais sono. Segundo alguns estudos, este subtipo de medicação antipsicótica pode ter probabilidades ainda maiores de levar à discinesia tardia.
Em princípio, não costuma haver uma justificativa para se combinar estes dois tipos de remédios e, mesmo muitos anos atrás, quando eles eram os únicos disponíveis, se recomendava que apenas um deles fosse usado, quando houvesse necessidade.
O diazepam é uma medicação tranquilizante, que pode aumentar o efeito de qualquer uma das duas anteriores e a associação dele com as medicações acima seria justificada apenas em raros casos, principalmente a longo prazo.
As primeiras duas drogas estão indicadas basicamente para o caso de psicoses, ou seja, em pacientes que estão delirando ou tendo alucinações, apesar de que, eventualmente, possam ser indicadas no tratamento de problemas como, por exemplo, tiques "nervosos".
Nenhuma das três está indicada no tratamento do abuso ou dependência de maconha. Se não houver outro motivo específico para o uso dos três remédios, o tratamento está errado.
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Sua pergunta não está clara mas, se for na área psiquiátrica, uma possível explicação seria ela estar apresentando efeitos colaterais de remédios como, por exemplo, o haloperidol.
 
Entretanto, o mais correto seria você consultar um neurologista, pessoalmente.
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Possivelmente, o fato de você ter ansiedade e depressão não ajudam, ou seja, é possível que elas predisponham você a ter outros problemas emocionais/psiquiátricos. Porém, só o fato de usar maconha e álcool pode propiciar que você apresente crises de pânico e sintomas psicóticos: a maconha é uma droga de efeitos mistos, sedativos e estimulantes, liberadores de emoções, aumento de apetite e, também, tem um pequeno potencial psicogênico (ou seja, de causar alterações psicóticas). Sabidamente, ela pode desencadear surtos psicóticos em pessoas mais predispostas. As crises de pânico são bem descritas com a maconha e, sobretudo, com o aumento da concentração de THC que ocorreu nos últimos 30 anos (de 2 a 3% para cerca de 12%) na erva, estes riscos são maiores. Por outro lado, se você fizer um acompanhamento do sono após a ingestão de bebidas, através de uma polissonografia, veria que o álcool, apesar de poder dar a impressão de auxiliar no sono, leva a um sono de qualidade muito pior.
Maconha e álcool não são bons calmantes nem medicações para dormir, justamente por causa dos efeitos colaterais possíveis.
Você deveria procurar um psiquiatra, de preferência quem tenha experiência com drogas, e conversar sobre os prós e contras dos efeitos do álcool e da maconha, em seu caso. Do ponto de vista médico é um direito seu usar, porém seria interessante você conhecer de forma clara as consequências para seu organismo e verificar se existem opções mais convenientes para você lidar com sua ansiedade, depressão e insônia.